A greve do Judiciário e os prejuízos que causa à advocacia gaúcha
Artigo de Viviane Andrade Machado, advogada (OAB-RS nº 101.462), com escritório em São Borja (RS).
vivimachado.adv@gmail.com
Todos sabemos que é assegurado, a aqueles que se sentem prejudicados, reivindicar seus direitos, porém não podemos esquecer que quando nos juntamos a mais pessoas na busca de um objetivo comum, também afetamos terceiros que possuem tantos direitos quanto nós.
Há mais de duas semanas a advocacia gaúcha está sofrendo os prejuízos causados pela greve dos servidores do Poder Judiciário.
O advogado autônomo é o mais afetado diante de tal situação. Sim, é dever e direito dos servidores pleitear a valorização de seu trabalho maçante e desgastante, porém também é direito do advogado - que depende do andamento dos processos e da expedição dos alvarás para sobreviver - ter suas demandas atendidas.
O autônomo não possui salário fixo, décimo terceiro e férias... O advogado autônomo depende única e exclusivamente do alvará para pagar suas contas e sustentar sua família.
Estamos numa era em que se fala muito em respeito ao próximo. Ocorre, todavia, que não estamos sendo atingidos por esse respeito de que tanto se fala e que tanto é preciso.
É indignante, humilhante e frustrante, o advogado (a) chegar ao fórum para pleitear a expedição de um alvará, sua fonte de sobrevivência, e ter que ouvir de um servidor que “Não estamos fazendo, doutora”.
Temos mesmo que esperar pela continuidade e desdobramentos de uma greve que está traçada desde o início por tempo INDETERMINADO para podermos colocar comida dentro de nossas casas? Devemos nos calar diante de tamanha falta de respeito e consideração com quem depende da advocacia para sobreviver?
Eu digo: não podemos!
O alvará judicial é verba alimentar. É direito do advogado ter expedido seu alvará para posteriormente sacá-lo junto à instituição bancária.
Na conjunção, onde estão os 30% de servidores com a obrigação de trabalhar? Estão trabalhando exatamente no quê?
E ainda temos que ouvir piadas enrustidas nos corredores por conta de que não assinamos a bendita “lista de apoio a greve”! Como podemos apoiar um movimento que em absolutamente nada nos beneficia? Então a classe de advogados deve apoiar, enquanto o Judiciário não atende a pedidos mínimos feitos por nós?
Estamos numa era onde tudo corre tão rápido, onde mudanças acontecem o tempo todo e onde tudo anda numa velocidade nem sempre capaz de ser acompanhada. Advogar é uma dádiva, é uma atividade que só pode ser desempenhada pelos fortes, guerreiros, aqueles que não fogem à luta, mesmo em tempos tão difíceis.
Quem trabalha dentro da lei e obedecendo normas sabe do que estou falando. E ,esmo com todos os obstáculos, um advogado apaixonado pelo que faz jamais abandona o barco. Muito pelo contrário, corre contra a maré, enfrenta as dificuldades e ao final nem sempre vence, mas pelo menos sabe que lutou!
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