O banho de realidade que determinou a queda de prestígio do RS
1. GRE-NAL é GRE-NAL
Nós gaúchos temos o hábito de “engrandecer” o que é nosso. Aqui, tudo é melhor e como não bastasse, já que o hino fala “em toda terra”, o melhor é em relação ao mundo.
A nossa história recente tem demonstrado que não é bem assim. Várias outras unidades da federação, como Santa Catarina por exemplo, assumem a dianteira no desenvolvimento econômico, na educação, na escolaridade, na saúde e na segurança.
O banho de realidade que determinou a nossa queda de prestígio não retirou por completo os nossos traços de arrogância. Continuamos garganteando, intitulando-nos como os mais honestos, os mais trabalhadores, os mais sérios e assim por diante.
Temos o melhor pôr do sol do mundo! É bem verdade que jamais alguém comparou o nosso com qualquer outro nesse vasto mundão de lugares maravilhosos.
Somos a capital mais culta do país! É bem verdade que os teatros e as casas de espetáculos de Porto Alegre fecharam as suas portas. Que os grupos de teatro e de cinema encerraram as suas atividades e a/o Pablo Vittar, bem como outras “expressões artísticas” do memento, têm aqui o mesmo sucesso que no restante do país.
Bem, mas em termos de gabolice, escutei repetirem no domingo passado que o Gre-Nal é o maior clássico do mundo!
Diante da total falta de fundamento para a assertiva gauchesca, a única explicação possível é a de que ele nos diz respeito e os demais clássicos do futebol mundial, não. Uma lógica egoísta, mas que nos permite bradar uma falsa verdade.
Como somos todos gaúchos, como somos nós que vamos ao estádio, com nós é que sofremos com a ansiedade provocada pela disputa ouvindo as locuções e comentários dos jornalistas esportivos locais, não custa nada acreditar nisso.
Deixemos assim, considerando mais uma mentirinha que aplicamos em toda terra.
Mas, o último “maior confronto desportivo do mundo” foi para lá de morno e inexpressivo. Tivemos um primeiro tempo em que o nosso adversário jogou mais e, no segundo, o nosso time foi superior. Assim, afastado o resultado, consideradas as duas partes do tempo, as equipes foram rigorosamente iguais.
Não houve superioridade no maior clássico do universo. Não percebi obstinação por parte de atletas, treinador e direção correspondente à grandeza do confronto.
Mas há um detalhe no Gre-Nal que revela muito mais a sua natureza de disputa aguerrida do que o futebol jogado. No início da partida, quando o árbitro promovia o sorteio do campo e do pontapé inicial, o Dale e o capitão do adversário, travaram um embate caloroso. Falas ríspidas, dedos na cara do outro, etc.
O que teria havido para tanto?
Segundo informado, o árbitro teria comunicado aos dois que haveria conferência das imagens pelo árbitro de vídeo. Diante disso, o capitão do adversário teria dito: “Que bom, assim o Dale não apitará o jogo!”
O nosso Gringo, reagiu com toda a sua irresignação, dando o tom inicial da partida que começou minutos depois. Mas ficou nisso!
No campo, aquilo que faz a diferença não foi visto. A irresignação não foi aproveitada como chama no pavio para fazer explodir em campo a vontade de vencer.
Foi uma pena, pois em matérias de confronto o que vale é o resultado que vai para a estatística. Assim, o que constará é que fomos derrotados em nossa casa pelo tradicional adversário.
Haverá tempo para escrever outra página; há mais um Gre-Nal no próximo domingo. Que entre em campo a garra e o desejo de não perder nem lateral.
2. ADEUS XUXU
Na quarta-feira foi noticiado o falecimento do Xuxu, torcedor símbolo do Internacional. Já fazia algum tempo que ele estava doente. Na última vez que nos encontramos recebi dele um abraço e como sempre, um beijo no rosto.
Contou-me das dificuldades que estava passando e do sofrimento com a doença. Apesar de desfigurado e magro, falou do Internacional.
0 Comentários
Faça um comentário construtivo para esse documento.