Bullying e ciberbullying o que fazer com isso?
Por Maria Tereza Maldonado, psicóloga
Onde estão as fronteiras entre brincadeira, implicância, agressão e perseguição implacável no comportamento de crianças e adolescentes? Como orientá-los para o uso responsável da Internet e do celular, em casa e na escola?
O trabalho conjunto entre famílias e escolas é essencial para criar uma cultura de não tolerância à prática do bullying e do cyberbullying, desenvolvendo uma rede saudável de relacionamentos em que fique claro para todos que agressão não é diversão.
E quais são as expressões mais comuns da agressão? Humilhação, apelidos depreciativos, jogos de poder dos chefes e dos populares da turma que submetem os colegas, intimidando-os para que obedeçam aos seus comandos sob pena de exclusão do grupo, ameaças de agressão física ou constrangimento moral, mensagens difamatórias ou ofensivas.
São ataques maciços à auto-estima que, em muitos casos, estimulam na vítima sentimentos de rejeição, dificuldades de inserção no grupo, medo de ir à escola, crises de angústia e estados depressivos.
O bullying se caracteriza por ações repetitivas de agressão física e/ou verbal com a clara intenção de prejudicar a vítima. O cyberbullying é ainda mais terrível, porque a perseguição é implacável, podendo chegar a 24 horas por dia nos sete dias da semana: a vítima é atacada por mensagens de celular, filmada ou fotografada secretamente em situações constrangedoras que podem ser colocadas na rede.
As escolas que fizeram campanhas anti-bullying bem sucedidas trabalharam com toda a equipe escolar e buscaram a parceria das famílias no sentido de criar uma cultura de não tolerância às ações do bullying e do cyberbullying, colocando os limites devidos e as consequências cabíveis às condutas de agressão, estimulando a expansão dos recursos para fortalecer as vítimas, propiciando aos agressores o bom uso de suas capacidades de liderança e o aumento da empatia, estimulando a ação eficaz das testemunhas.
O resultado é a melhoria da qualidade dos relacionamentos e o uso responsável da tecnologia.
O primeiro passo é a conscientização do problema: ações de bullying acontecem em todas as escolas, públicas e particulares. Quando a escola adota uma postura clara de não tolerância ao bullying, pode elaborar um contrato de convivência, a ser apresentado à família no ato da matrícula e a ser trabalhado com todos os alunos e a equipe no cotidiano da escola.
O "contrato de convivência" coloca regras claras, evita muitos episódios de agressão.
Abordar o tema com a turma é importante, especialmente nos casos de apelidos depreciativos e de exclusão, que ocorrem com frequência. São oportunidades de estimular a reflexão: E se fosse com você?.
A conversa em grupo também é útil para estimular a criação de recursos para lidar com os episódios de bullying, desestimulando o autor a prosseguir com os ataques.
..............................
mtmaldonado@mtmaldonado.com.br
.............................
(*) Autora dos livros A face oculta uma história de bullying e cyberbullying"(Ed. Saraiva) e"Cá entre nós na intimidade das famílias (Integrare Editora).
0 Comentários
Faça um comentário construtivo para esse documento.