A palavra final é da estagiária: agora só depois da suspensão dos prazos!...
Porto Alegre, 17 de dezembro de 2013.
Ao
Espaço Vital
Ref.: Boas férias ao Judiciário!...
Socorro-me do espaço para compartilhar a angústia de advogado às vésperas do recesso forense e suspensão de prazos. Incialmente, tenho que dizer que entendo indispensável o período de recesso, pois ao menos o advogado fica resguardado daquele recesso velado, mas que pode apresentar algumas surpresas.
No entanto, é inadmissível o que ocorre por estes dias. Pensava que seriam - as duas semanas anteriores ao recesso, e principalmente esta última - dias de intenso trabalho, para que todos, advogados e Justiça, pudessem colocar fim às pendências, afim de deixar a 'casa arrumada' para o retorno.
Santa ingenuidade!...
Detalho um pequeno caso, que está para ter solução desde outubro. Um caso singelo, mas não menos importante dos demais. É um simples processo de Juizado Especial, com trânsito em julgado e inércia da ré em pagar a condenação.
Insistência para transformá-lo em cumprimento de sentença/execução, visitas diárias para impulsioná-lo, eis que chega o aguardado momento de retorno ao cartório. Lá o advogado está, antes mesmo do retorno do processo à mesa.
Suplica para que o despacho seja agilizado, intimando-se a condenada para que a parte possa receber sua justa indenização.
São 16h30 do dia 16/12/2013. Atende a estagiária, que anuncia: "agora só depois da suspensão dos prazos".
Atônito o advogado tentar argumentar que se trata de caso singelo, umas simples intimação para pagamento, que já há inclusive cálculos da Contadoria. Em vão.
A palavra final da estagiária: "os últimos despachos foram hoje. Notas só até amanhã".
O recesso começou mais cedo. Pobre da parte que contava com o dinheiro para o fim de ano. Explicar o quê?
O Judiciário, que tantas vezes vira motiva de piada, agora está virando piada de mau gosto.
Boas férias ao Judiciário!...
Eu sigo aqui dando explicações aos clientes sobre a lentidão de seus processos...
Atenciosamente,
Marcelo Tólio, advogado
marcelotolio@ig.com.br
9 Comentários
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É Doutor, hoje também estive em um Cartório, não havia ninguém, somente um estagiário, depois dizem que as ferias são para os advogados, sou amplamente a favor da suspensão dos prazos, entretanto os fóruns deveriam abrir e principalmente todos os funcionários e magistrados deveriam trabalhar como em todo o resto, folga no dia 24/ 25 e 31/01, de resto trabalho, pois cada um deles possuem seus dias de ferias garantidos em outras épocas do ano, e existem mesmo sem a existência de audiências, muitos processos a processar e muitas sentenças a serem prolatadas; continuar lendo
Estimado doutor, bem sabemos que o rescesso é merecido, más há que se dizer o quanto atrasa a vida de muitos.
Os prazos cessam, más a ansia pela solução, ou a tão espera justiça não.
Enriquietos pela solução de suas lides, estes jurisdicionados, que tendem sempre a cobrar daquele a quem acreditam ter o poder da justiça em suas mãos (o advogado).
Há que se pensar, que mesmo os tais plantões forenses, inexistem em realidade.
Más a todos nós que com o rescesso sofremos, boas festas. continuar lendo
Reclamar para quem??????? continuar lendo
Bom, inicialmente, gostaria de informar que trabalho no Judiciário e, como fui advogado militante, entendo, sim, o que é reclamado. A questão é mais complexa do que uma interrupção de prazos. É institucional. Perguntem aos funcionários que realmente se esforçam (e não são poucos) nas serventias. Excesso de serviço para pouquíssimos servidores em cartórios assoberbados, em detrimento do próprio andamento processual do seu cliente. Nada mais desejável, pelo menos para mim e outros tantos que um processo findo em que todos se satisfazem. Servidor, se é que existem a granel, que não liga para o rápido desfecho é, desculpe-me, um ignorante. Possuímos um sindicato do qual sou filiado cuja administração pode muito bem explicar a confusão em que vivemos (sindjustiça). As queixas, repito, são em grande parte, procedentes mas diante deste quadro dantesco que muitos causídicos não conhecem (assim como eu não conhecia). Somos obrigados a interromper um determinado serviço para atender uma demanda imediata que poderia ser atribuída a um funcionário. Fazemos autuações, processamento, digitação, atendimento (sim o processante que deveria adiantar o seu serviço age como atendente, ao contrário de qualquer empresa ou repartição do Executivo ou Legislativo. com divisão precisa de trabalho) apesar das promessas da Administração por melhorias, creio, em favor da população). O recesso acaba servindo como um suspiro de alívio. Muitos de nós quando se aposentam, voltam a exercer a advocacia, se o foram antes (como no meu caso) ou pretendem fazê-lo e não queremos um Judiciário intumescido, com atendimento precário e processamento feito às pressas. Não queremos folgas por sermos funcionários públicos mas a imprescindível e a bem dizer, tardia, racionalização do trabalho. O que sugiro é uma ampla mobilização de advogados, servidores e magistrados, através ou não de suas entidades para pressionarmos o governo do Estado e as sucessivas administrações do Judiciário pelas melhorias tão desejadas por direito da população fluminense e do resto do país. continuar lendo