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26 de Abril de 2024

Se a ação tem vários pedidos, sucumbência deve se basear no principal

Publicado por Espaço Vital
há 8 anos

Quando a sentença impõe condenações diversas, que não admitem o mesmo critério para fixação de honorários advocatícios, o julgador deve identificar qual o objeto central da demanda – ou seja, o pedido e a causa de pedir que tiveram maior relevância para a ação. Com base nisso é que deve ser estabelecida a verba honorária sucumbencial.

O caso é oriundo da Bahia. A decisão superior é da 3ª Turma do STJ, ao julgar recurso relatado pela ministra Nancy Andrighi.

A controvérsia girava em torno dos honorários fixados em ação que condenou a seguradora da Caixa Seguradora a efetivar a cobertura do seguro de um mutuário falecido, quitando sua dívida junto à instituição financeira. O julgado condenou a própria CEF, em consequência, a restituir aos herdeiros as parcelas do financiamento que foram pagas após a morte do mutuário.

O caso analisado envolveu duplo pedido, com a possibilidade de dois tipos de fixação de honorários.

Primeiro: a determinação de um valor fixo (critério de equidade) para a obrigação de fazer, em relação à seguradora, já que não havia conteúdo patrimonial determinado nessa obrigação.

Segundo: a fixação de um percentual sobre o valor da condenação para a obrigação de pagar, em relação à CEF.

Inicialmente, a ministra Andrighi observou que a vitória em dois pedidos não dá direito à cumulação de honorários, e que também não é possível desmembrar o cálculo para usar os dois critérios simultaneamente.

Conforme seu voto, deve-se analisar o contexto do pedido para a definição do critério a ser utilizado. No caso, a seguradora havia negado a cobertura do sinistro sob a alegação de que o mutuário não informara doença preexistente na época da assinatura do contrato. No entanto, a Justiça reconheceu o direito ao seguro.

De acordo com o julgado do STJ, o juízo de primeira instância agiu corretamente ao fixar os honorários não em percentual sobre o valor da condenação, mas com base na equidade, nos termos do artigo 20, parágrafo 4º, do Código de Processo Civil de 1973 (no novo CPC, a previsão está no parágrafo 8º do artigo 85).

Em seu voto, a relatora pontua que “a controvérsia das partes gravitou em torno do direito ou não à cobertura do sinistro, de modo que a devolução das parcelas pagas após a morte do mutuário assumiu caráter secundário, dependente do reconhecimento do pedido principal”,

Apesar de considerar correta a definição do método, ela entendeu que o valor fixado, de apenas R$ 360, era irrisório, e alterou o montante para R$ 10 mil, tendo em vista o tempo de tramitação da demanda e a sua expressão econômica.

A autora da ação pedia a elevação dos honorários, mas por outro fundamento: por entender que deveria ser fixado um percentual sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, parágrafo 3º, do CPC/73, que corresponde, agora, ao artigo 84, parágrafo 2º, no novo CPC. (REsp nº 1455834).

Leia a íntegra do voto da relatora.

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