Políticos, bingo!
Por Ronaldo Sindermann,advogado (OAB/RS nº 62.408)
O triste relato escrito em vinte e poucas linhas numa folha de caderno duas crianças da cidade de Canoas/RS, que na semana passada solicitaram ajuda de policiais militares para que fechassem uma casa de jogos e libertassem sua mãe do vício. Na melancólica carta os menores disseram que levantam de madrugada para fritar pastéis para que sua progenitora vendesse para tirar o sustento da família, só que todo o dinheiro obtido com a comercialização era utilizado em apostas em uma casa de jogos. Contam na missiva que a luz e a água fora cortada e a televisão vendida e que passam fome além de serem espancados diariamente pela mãe na fúria por ter perdido no jogo.
Infelizmente este drama está presente em toda e qualquer cidade e com certeza se intensificará nos próximos meses se nada for feito por nós.
Sob o argumento da criação de trezentos mil empregos e uma arrecadação de dois bilhões impostos, alguns parlamentares com a proximidade das eleições e na ânsia de obterem arrecadação e votos sinalizam com a provável legalização dos bingos.
Esta nova visão prevê a fantasiosa participação da Receita Federal que já tem dificuldades em fiscalizar, teria mais está árdua tarefa de verificar periodicamente a receita auferida pelos Bingos. Impraticável!
Ora, todos têm conhecimento, mas não custa repetir, a contabilização dos lucros nos bingos é de difícil controle, facilitando o superfaturamento e conseqüentemente a legalização do dinheiro obtido em atividades ilícitas e de corrupção.
No mesmo sentido os jogos de azar prejudicam uma grande parte da população que induzida ao vício do jogo, empobrecem e destroem suas famílias, além de onerar ainda mais o precário sistema de saúde no tratamento dos jogadores compulsivos.
Criar a idéia de que Bingo é imprescindível para população e a saída para o desemprego é compartilhar da sonegação fiscal e da lavagem de dinheiro, é desconhecer o trabalho daqueles profissionais que afirmam ao comparar o vício do jogo ao da cocaína e do álcool e relacionam como uma atividade nociva que favorece aos ilícitos penais.
Por tanto, tenhamos a iniciativa de protestar, pois a liberação dos bingos não é boa para o Brasil e muito menos para nós.
(*) E.mail: sindermann@terra.com.br
0 Comentários
Faça um comentário construtivo para esse documento.