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27 de Abril de 2024

Como definir estadista?

Publicado por Espaço Vital
há 11 anos

Por Nelson Oscar de Souza, desembargador aposentado do TJRS

A gangorra dos modismos funciona sem parar neste país. Não é de hoje. No momento, a mídia tem dado 'status' de excelência à palavra estadista. Cismo com o seu conceito. Aparece em revistas e jornais, continuamente. Políticos, professores, cronistas até o David Coimbra, seção de esportes, referiu-se a Getúlio Vargas como estadista. E, um dia desses, outro jornalista utilizou o termo três vezes em matéria sobre aquele político.

Ora, repete-se que a diferença entre o estadista e o político comum é a de que o primeiro planta visando às futuras gerações e o outro só pensa na próxima eleição.

Bem, já por aí se teria um critério para excluir o Iluminado de Garanhuns da categoria de estadista.

Mas, então? Como fazer e pensar, tratando-se de um leigo dirigindo-se a outros, os leitores? Escrevo para propiciar a reflexão e resposta dos doutos.

O presidente do STF dissera, há algum tempo: O STF não precisa de tributaristas ou de criminalistas. Precisa de estadistas". Bem, com este critério já excluo mais um nome o de Dias Tóffoli. A assertiva do ministro Joaquim Barbosa veio a propósito da demora da Presidente em indicar nome para vaga então existente na Corte.

Registro: Norberto Bobbio, até a 5ª. edição de seu Dicionário de Política, 2000, não menciona a perigosa palavra! Mas Joaquim Nabuco e Afonso Arinos de Mello Franco intitularam as suas obras maiores de" Um Estadista do Império "e Um Estadista da República".

Há pouco, no opúsculo Cartas a um Jovem Político, Fernando Henrique Cardoso destacou dois nomes como passíveis de serem vistos como estadistas: Winston Churchill e Franklin Delano Roosevelt. (...aquele que, uma vez convencido do pleno acerto de uma decisão importante, só aceita uma atitude de si mesmo: tomar essa decisão".)

Ora, dizem dois dos principais biógrafos de Adolf Hitler que Se em fins de 1938 Hitler tivesse sido vitimado por um acidente, poucos hesitariam de considerá-lo um dos grandes estadistas alemães...Porque, já a partir de 1938, ninguém deixou atrás de si tamanho rastro de ruínas acrescento: ruínas políticas, éticas, sociais!

Getúlio Vargas introduziu a legislação trabalhista e construiu Volta Redonda, modernizando o Brasil. No entanto, atropelou, durante sete anos, e em escala bem superior aos do sistema 1964/1978, os direitos humanos daqueles que se lhe opunham. Mesmo assim continua cultuado.

Texto encerrado, lembro coluna de Paulo Sant'Ana que completa o meu pensamento: Getúlio Vargas é considerado o maior estadista brasileiro. Ninguém se lembra que tinha uma polícia política chefiada pelo gorila Felinto Muller, que arrancava as unhas dos presos políticos nas masmorras da ditadura. Apesar dessas torturas bárbaras que infligia aos inimigos do regime, Getúlio Vargas só é lembrado hoje pela instituição dos direitos trabalhistas, pela criação da Petrobrás e de Volta Redonda.

Como então definir estadista? Quais os critérios? Ética não se insere como conceito fundamental ao tema?

Coloco o problema. Não intento polemizar.

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oskar@terra.com.br

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7 Comentários

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Classificar Getúlio Vargas com estadista é o cúmulo da alienação comunista. Reconheço que Getúlio foi de grande importância histórica para o país, mas sei tbm que foi um ditador que sempre quis se perpetuar no poder, totalmente diferente de um estadista. Estadista mesmo foi Oswaldo Aranha, um dos maiores nomes da história política do Brasil. continuar lendo

Estadista é o político que trabalha para o povo e pelo povo. É o político que sente o cheiro de povo.
O poder emana do povo e em seu nome é exercido. Governar um país para a elite, para a minoria, para 1% da população, focando tão somente o topo da piramide e desprezando 99% da população, é um anti-estadista. continuar lendo

Ora, se o nobre missivista quer excluir "o Iluminado de Garanhuns da categoria de estadista..." porque acha que nada fez para as gerações futuras, como dizer do ProUni, que possibilitou o acesso à educação superior de milhares de estudantes carentes? como dizer que das dezenas de novas Universidades Federais criadas durante os dois períodos de seu governo? como dizer, também, dos empregos criados da produção de alimentos, das políticas de inclusão - tudo isto não é proteger gerações futuras? Não basta ser estudioso de terminologias, basta ter bom senso e analisar o período do "Iluminado de Guaranhuns" (2003-2010) no seguintes temas: Economia (inflação baixa, PIB alto, baixo índice de desemprego, baixa dívida, redução da pobreza e desigualdade), IDH, reformas, combate a corrupção, política externa de valorização do país etc, dentre tantas. Diante disto, não é dicotômico a utilização do termo de estadista e político. E é político comum porque também pensa nas próximas eleições, é claro que o projeto de assegurar conquistas para a geração futura tende a continuar. Portanto, o Iluminado de Garanhuns é sim um estadista de primeira linha. continuar lendo

Só esqueceu que o "Iluminado de Garanhuns" só fez o que fez pq teve total condição, deixada pelo seu antecessor.

Inclusive a economia estável, moeda forte, e políticas sociais ( sim senhor, de onde acha que saiu Bolsa-Família? )

Até onde me lembro, aliás: O tal "iluminado" foi o maior crítico do Plano Real, certo?

E vejam que ironia, foi um dos mais beneficiados pelo sucesso do mesmo.

Desculpe-me, mas de estadista este "iluminado" não possui nada... continuar lendo

Será o 1º "estadista" preso da história brasileira, quiçá, mundial em breve!!! kkkkkkkkkk... continuar lendo

A propósito, muito bom o tema levantado no artigo, me peguei pensando nisso por esses dias tbm. continuar lendo